Vinho Natural
20 de Setembro 2020
Vinho natural. Isso existe? Na verdade, não. Pelo menos se pensarmos que natural é algo que existe na natureza e que não foi criado pelo homem. Nesse sentido, não há vinhos naturais, porque todos eles existem por intervenção do homem. No entanto, esta nomenclatura é permitida nos casos em que a intervenção do homem – do enólogo – é mínima. Esse é o chamado vinho natural.
A questão não é consensual. Os mais fundamentalistas não aceitam esta nomenclatura. E por essa razão, em alternativa, também se tem chamado a estes vinhos ‘vinhos de intervenção mínima’, o que na realidade é até mais correto. Nós por cá, tanto nos faz. O importante é saber que este vinho é realmente o maior desafio do enólogo, uma vez que não há rede que nos segure se algo de errado acontecer na produção deste vinho.
O que é Vinho Natural?
Vinho natural é aquele vinho em que o único ingrediente são as uvas, nada mais entra na sua composição. É aquele vinho em que o enólogo apenas e só acompanhou a transformação das uvas em vinho de forma a obter o vinho mais puro possível.
É a expressão máxima do terroir, uma vez que não há intervenção exterior. Apenas a sabedoria do enólogo conta. E isso torna este vinho de fermentação natural num vinho único.
Como é feito o Vinho Natural?
O vinho natural começa na vinha, começa com o viticultor que na vinha também ele é minimalista na sua intervenção. Seja vinho verde natural, seja vinho tinto natural, vinho branco natural ou até mesmo um vinho doce natural, tem de começar na vinha e no respeito pela biodiversidade da mesma. Ou seja, um vinho natural é normalmente originário de viticultura biológica e/ou biodinâmica.
O respeito pela biodiversidade na vinha é essencial na produção de vinho natural, pois é daí que vai nascer o vinho, das leveduras indígenas e de todos os outros micro-organismos que também habitam a vinha.
Na adega produz-se da mesma forma que os vinhos convencionais, sendo aquilo que faz a diferença é a intervenção mínima, com a premissa de que nada entra para além das uvas, nem mesmo o sulfuroso, também conhecido como sulfitos. Isto implica que nem mesmo quando o vinho está feito e pronto a engarrafar haja intervenção do homem, ou seja, não há colagem nem filtração, apenas e só o seu engarrafamento.
E assim nasce um vinho que se vai comportar como um organismo vivo dentro da garrafa e ao longo dos anos de estágio, até chegar a hora de abrir a garrafa e desfrutar.
Hélder Cunha Winemaker
A minha vida é o vinho.
Alguma questão ou sugestão de tema?
Por favor, escreva para: blogdoenologo@cascawines.pt