Tipos de Vinho Rosé
18 de Maio 2020
O vinho rosé ou vinho rosado é produzido a partir de uvas tintas, só que no modo de produção de vinho branco. O que quer isto dizer? Que o que distingue este tipo de vinho é principalmente a decisão tomada pelo enólogo no momento em que as uvas tintas chegam à adega. Mas antes de descobrir os vários tipos de vinhos rosé que existem, saiba como surgiram estes vinhos.
A origem do vinho rosé ou rosado está perpetuamente ligada à origem da produção de vinhos na Europa. Em 600 AC, um grupo de comerciantes gregos partiu da cidade de Foça (levando vinho na bagagem!) à procura de melhores terras para se fixarem. Quando chegaram à região de Provence – concretamente à baía de Marselha – decidiram instalar-se por ali e começaram a importar videiras para produzir vinho, o que faziam então do modo mais básico possível.
Esmagavam as uvas para obter o seu sumo e deixá-lo fermentar. Era desta forma que produziam, a partir deste processo, os vinhos claretes, mais tarde apelidados pelos romanos de “Vinum Clarum”.
Os vinhos rosé ou rosados nasceram a partir deste modo de produção, que ainda hoje se usa, embora com duas diferenças: as uvas que se utilizam na produção dos vinhos rosé ou rosado são apenas tintas (à exceção de vinhos rosé ou rosado da região de Champagne) e agora tiramos partido da tecnologia, que naturalmente veio mudar muita coisa.
Três formas de produzir Vinhos Rosé ou Rosado
O que é então a fermentação do vinho? Entende-se por fermentação alcoólica o processo bioquímico durante o qual leveduras transformam os açúcares presentes no mosto em álcool. Durante este processo há mais resultados para além do etanol, nomeadamente a formação de dióxido de carbono e outros subprodutos que são essenciais na produção de vinho, uma vez que contribuem consideravelmente para a composição química e sensorial do resultado final.
Prensagem direta
Na qual as uvas tintas quando chegam à adega são imediatamente esmagadas (prensadas) para se obter o sumo ou mosto o mais pálido possível. Uma vez que a cor das uvas está na pele ou película, o tempo de contacto entre a polpa e a pele determina a intensidade da cor do vinho rosé ou rosado.
Maceração (curtimenta) curta
Em que as uvas tintas antes de serem prensadas passam primeiro algumas horas num depósito em que o sumo ou mosto fica em contacto com as peles ou películas e só depois deste tempo decorrido é que seguem para a prensa para serem esmagadas e se obter o mosto com uma cor mais ou menos intensa, dependendo do tempo de maceração ou curtimenta.
Sangria do francês “Saigné”
Em que neste caso o vinho rosé ou rosado é um subproduto do vinho tinto, pois retira-se o primeiro sumo ou mosto que escorre durante as primeiras horas de maceração (curtimenta) do vinho tinto, isto é, faz-se a sangria do depósito onde estão as uvas tintas e esta prática tem o intuito de concentrar a cor, estrutura e sabor do vinho tinto.
Consoante as diferentes formas de produzir vinho rosé ou rosado, existem também um sem número de variações dentro destas. Simplificando, podemos enquadrar os vinhos rosé ou rosados em três grandes famílias onde a variação de côr nas suas diferentes intensidades tem uma importância preponderante.
Vinho Rosé Seco
O vinho rosé seco, que se pode enquadrar na categoria de vinho rosé frutado e leve, caracteriza-se pelos seus aromas citrinos e de frutas vermelhas crocantes, pela sensação de frescura que deixa e pela sua estrutura simples. São normalmente consumidos jovens e de cor rosa pálida. Temos como melhor exemplo deste estilo de vinho rosé seco, os da região Francesa Provence. Em Portugal os melhores exemplos de vinho rosé seco vêm das regiões mais frescas, sejam estas marítimas – como a região de Lisboa ou a região dos Vinhos Verdes – ou sejam regiões de montanha com altitudes acima dos 500 metros, como a região do Douro ou da Beira Interior.
Vinho Rosé Suave
O vinho rosé suave, que se pode enquadrar na categoria de vinho rosé frutado e de corpo médio, caracteriza-se por ter normalmente uma cor mais intensa e um corpo médio, com um nariz rico, dominado por aromas de frutas mais maduras. São vinhos saborosos e acessíveis a todos. São normalmente consumidos jovens e de cor rosa salmão. Um bom exemplo são os vinhos rosados da região Navarra, em Espanha. Em Portugal os melhores exemplos de vinho rosé suave vêm das regiões mais quentes, como o Tejo e o Alentejo, mas também de regiões de influência marítima mais amena, como as regiões da Península de Setúbal e do Algarve.
Vinho Rosé Doce
O vinho rosé doce, que se pode enquadrar na categoria de vinho rosé frutado e doce, caracteriza-se por ter normalmente um teor de açúcar residual e é geralmente meio-seco ou meio-doce. São vinhos caracterizados por notas de frutas maduras, são muito suaves e a cor e intensidade podem variar bastante, desde os rosa salmão aos rosa ruby.
O vinho rosé doce fica com açúcar residual quando não se permite que a fermentação acabe e os açúcares do sumo ou mosto não sejam completamente fermentados ou pela adição de sumo ou mosto de uvas não fermentado. Há exemplos de vinho rosé doce por todo o mundo, sendo o mais conhecido o nosso Mateus Rosé ou o White Zinfandel produzido pelas grandes adegas dos Estados Unidos da América.
Cada vinho tem a sua personalidade e o vinho rosé têm uma magia própria que conquista cada vez mais enófilos e apreciadores. Se habitualmente não opta por estes vinhos, na próxima vez que lhe perguntarem ‘Branco ou tinto?’ experimente responder ‘Vinho Rosé!’ e deixe-se surpreender.
Hélder Cunha Winemaker
A minha vida é o vinho.
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