Vinhos Biológicos

17 de Junho 2020

Os vinhos biológicos portugueses – e os do resto do mundo – já não são novidade, mas a realidade é que a sua representação em relação aos vinhos tradicionais é ainda muito reduzida. França tem cerca de 4% dos seus vinhos certificados como vinhos biológicos e estima crescer até 2022 para uma cota de cerca de 8%. Estamos a falar do país líder mundial em vendas destes vinhos.

Para nós, que conhecemos de cor e salteado as virtudes de um bom vinho biológico, isto leva-nos a questionar a razão pela qual estes vinhos vendidos em todo o mundo ainda não cresceram exponencialmente em termos de vendas. Talvez a explicação esteja nas marcas deixadas por um certo fundamentalismo que marcou o arranque deste movimento, retraindo alguns consumidores de vinho.

Ao provar os vinhos biológicos, houve quem tivesse sentido grandes diferenças em relação aos vinhos convencionais e não no melhor sentido. Chegou a falar-se de sabores estranhos e por vezes até desagradáveis. Mas entretanto muita coisa mudou…

Hoje os enólogos já perceberam que os vinhos biológicos portugueses não podem fugir do sabor dos vinhos convencionais.

Têm sim de se destacar pelos seus aromas e sabores mais puros e tem de ser garantida a sua estabilidade e longevidade na garrafa. Se assim continuarmos, vamos sem dúvida recuperar os apreciadores de vinhos e crescer exponencialmente nos próximos anos, pois todos sabemos que a Terra precisa desta ajuda.

O que são Vinhos Biológicos?

Os vinhos biológicos são o resultado da produção de uvas biológicas. Até 2012, na União Europeia, não havia legislação para vinhos biológicos. Utilizava-se apenas a designação de “vinho de uvas de produção biológica” e o enólogo na adega não tinha quaisquer regras a cumprir na produção destes vinhos. A partir desse ano, foram implementadas regras e limites na produção de vinhos biológicos, entre as quais a redução dos limites máximos de sulfitos ou sulfuroso nestes vinhos.

Nos Estados Unidos da América as regras atuais são diferentes. Apenas são considerados vinhos biológicos aqueles em que não foi adicionado qualquer sulfuroso. Para os restantes vinhos ainda é utilizada a nomenclatura de “vinho de uvas de produção biológica”.

Vinhos Biológicos em Portugal

Os vinhos biológicos portugueses ainda são uma muito pequena fração dos vinhos em geral. A boa notícia é que já existe um percentual interessante de vinhas em regime de produção biológica que ainda não se exprime na produção de vinhos biológicos portugueses.

Acredito que esta realidade de viticultura em regime biológico irá continuar a aumentar e que daí resultem mais vinhos biológicos.

Produtores de Vinhos Biológicos

Sendo a Beira Interior a região com maior quantidade de vinhas certificadas em produção biológica, esta deverá ser também a região com mais produtores de vinhos biológicos. É lá que a Casca Wines produz os seus vinhos biológicos, sendo hoje o produtor número um de vinhos biológicos portugueses certificados no país.

No Alentejo, a Herdade do Esporão tem já os seus seiscentos hectares de vinha em produção biológica, mas a produção de vinhos biológicos ainda é limitada. Por todas as outras regiões encontramos também pequenos produtores que, além das uvas de produção biológica, têm também os seus vinhos certificados como biológicos.

O Vinho Verde biológico ainda tem pouca produção de uvas em regime biológico. Nós, Casca Wines, embora não sejamos ainda produtores de Vinho Verde biológico, estamos empenhados em procurar produtores capazes de nos ajudarem a produzir o nosso Vinho Verde biológico.

Diferenças entre Vinhos Convencionais e Vinhos Biológicos

As diferenças entre vinhos convencionais e vinhos biológicos são muitas.

Tudo começa na forma como se tratam as vinhas. Os viticultores e produtores de uva biológica não podem utilizar qualquer herbicida ou pesticida ou produto que tenha sido sintetizado. Em grande parte, ficam limitados a utilizar apenas as caldas à base de cobre e o enxofre.

Como em qualquer bom produto, a matéria prima é a essência do mesmo.

E nos vinhos isso é bem visível. Assim, as uvas de produção biológica nascem à partida com características bastante diferentes, o que mais à frente se reflete nos vinhos.

Também na adega as regras são diferentes, visando uma menor intervenção na produção do vinho. Por exemplo, são usados produtos enológicos com proveniência de produção biológica. Uma das regras mais importantes na produção dos vinhos biológicos portugueses, sejam da Beira Interior, do Alentejo, do Douro, do Vinho Verde ou qualquer outra região é a redução da quantidade de sulfitos a utilizar.

Esta regra obriga os enólogos a trabalharem muito bem na adega e a serem menos interventivos na produção de vinhos tintos biológicos, brancos ou rosé, sejam eles Vinho Verde biológico ou vinho Beira Interior biológico. Já no caso do vinho tinto biológico os compostos polifenólicos ajudam bastante o enólogo, pois são compostos antioxidantes, que no vinho branco biológico ou no vinho rosé biológico existem em muito menor concentração, daí que o limite dos sulfitos no vinho tinto biológico seja mais baixo que no branco ou rosé.

Onde comprar Vinho Biológico?

Hoje é cada vez mais fácil comprar vinho biológico. A loja online da Casca Wines tem todos os tipos de vinho biológico. Vinho tinto biológico, vinho branco biológico, vinho rosé biológico, vinho reserva biológico. Só não temos – ainda! – vinho verde biológico, mas para lá caminhamos.

Também é possível comprar em qualquer hipermercado, pois todos eles já têm um espaço para os vinhos biológicos portugueses e, claro, nas lojas especializadas, como o Celeiro ou o El Corte Inglés.

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Hélder Cunha Winemaker

A minha vida é o vinho.

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Por favor, escreva para: blogdoenologo@cascawines.pt

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