Vinho DOC

14 de Abril 2021

DOC e DOP são abreviaturas que deve estar habituado a ver em diversos tipos de produtos, entre os quais os vinhos. DOC significa Denominação de Origem Controlada e DOP quer dizer Denominação de Origem Protegida. No vinho, podem ser utilizadas de igual forma, uma vez que têm as mesmas regras. É apenas e só uma questão de nomenclatura.

Hoje interessa focar-nos nos vinhos DOC. A denominação DOC tem algo de especial para nós, portugueses, por estarmos na origem das DOC’s. Está historicamente provado que Marquês de Pombal criou em 1756 a primeira região de vinho delimitada no mundo, mandando colocar 335 marcos de pedra que protegeram os produtores de uvas para vinho do Porto das existentes falsificações dessa altura. 

O que é o Vinho Doc?

Mas afinal, o que é vinho DOC? Basicamente, é uma forma de proteger o vinho de falsificações, isto é, protegê-lo de cópias que tentam recriar o que é impossível recriar, isto é, copiar as características de um determinado local, que por sua vez caracterizam uma região.

Vinho DOC é um vinho produzido dentro de uma determinada região que está regulamentada, na qual foram criadas regras que podem ir desde os limites regionais, passando pelo tipo de castas e formas de as cultivar, mas também o tempo de estágio antes e depois de engarrafamento, entre outras. Estas regras têm só um intuito, garantir o carácter incontestável dos vinhos produzidos naquela zona ou região.

Características do Vinho Doc

As características dos vinhos DOC não se conseguem enumerar, uma vez que cada região tem as suas próprias particularidades. O que posso garantir é que um vinho DOC terá obrigatoriamente um selo de garantia da região de onde foi produzido e que garante que esse vinho tem as qualidades físico-químicas e organoléticas, testadas e confirmadas pelo regulador dessa DOC, nomeadamente as Comissões Vitivinícolas Regionais ou CVR’s; no caso do Douro e Porto o IVDP; e na Madeira o IVBAM.

As CVR’s, o IVDP e o IVBAM são os organismos que controlam e regulamentam as 31 DOC’s que existem em Portugal. Estas entidades têm como função garantir que são cumpridas as regras de cada região, bem como a qualidade dos vinhos produzidos em cada uma, sendo que a qualidade está também obrigatoriamente ligada ao carácter regional que o vinho submetido à aprovação destes organismos tem e não apenas à qualidade intrínseca de cada vinho. Isto é, os vinhos DOC portugueses não são apenas avaliados pela sua qualidade, mas também avaliados em relação às características que os mesmo têm de cumprir por serem produzidos nessa região.

 

Produção de vinho DOC

Podemos dizer que a produção de vinho DOC é o resultado das regras impostas pela região em que é produzido. Dou o exemplo dos vinhos DOC Colares, que só podem ser produzidos a partir de uvas de vinhas plantadas em chão de areia, sendo que os vinhos brancos e tintos têm de estagiar no mínimo 6 e 18 meses, respetivamente, antes de engarrafamento. No caso do vinho tinto DOC Colares, esses 18 meses têm de ser em depósitos de madeira.

           E depois desse estágio, os vinhos são ainda obrigados a ficar em garrafa, antes de serem lançados no mercado, durante 3 e 6 meses, respetivamente.

A produção de um vinho DOC está “presa” a regras muito específicas que é obrigatório cumprir. 

Diferença entre Vinhos DOC e Vinhos Regionais

Então qual é a diferença entre vinhos DOC e vinhos regionais? E os vinhos de mesa, hoje chamados apenas de vinhos?

A grande diferença entre estes são as restrições impostas a cada uma das denominações, sendo os vinhos DOC aquela que tem as regras mais restritas. A seguir vêm os vinhos regionais (IGP – Indicação geográfica protegida), que permitem, poe exemplo, maior liberdade de utilização de castas não autóctones da região. Já os vinhos de mesa são apenas regulados pelas regras do IVV (Instituto da Vinha e do Vinho) que regulamenta todo o setor do vinho.

Com isto não quero dizer que só deve comprar vinhos DOC. Longe disso. Hoje existem vinhos regionais e até vinhos de mesa que podem ter maior qualidade intrínseca do que alguns DOC, mas que apenas não cumprem com algumas das regras regionais impostas, impedindo-os de levarem o selo DOC ou IGP. 

De qualquer forma, fica a saber que quando bebe um vinho DOC, ele foi controlado e deverá refletir o carácter da região que está no rótulo… o que tem um sabor especial.

“Simbolicamente, é como fazer uma viagem através de uma garrafa.” 

 
Partilhar o Post:
Picture of Hélder Cunha Winemaker

Hélder Cunha Winemaker

A minha vida é o vinho.

Alguma questão ou sugestão de tema?
Por favor, escreva para: blogdoenologo@cascawines.pt

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *